14 de março de 2016
O primeiro encontro do projeto “O Lugar das Mulheres na Sociedade – Uma abordagem do corpo e da defesa pessoal” reuniu estudantes, professores, e lideranças sociais para debater a temática da violência contra a mulher. A atividade foi realizada no câmpus Santo Ângelo da URI, neste sábado (12), e marcou o início das atividades do projeto. As participantes assistiram às palestras: “Corpos femininos e violações nos espaços públicos” e “Noções de percepção do perigo e medidas de segurança”. Ainda, foi realizada aula prática com simulação de situação de perigo e orientações sobre defesa pessoal.
Na abertura do evento, a coordenadora do projeto, professora Rosângela Angelin, falou sobre a importância do diálogo. “Enfrentar momentos de violação de nosso espaço e nosso corpo exige uma reação imediata, senão acabamos por naturalizar algumas situações. Entendo que não fomos educadas para reagir, mas é preciso mudar essa cultura”, afirmou a professora. Ela ainda destacou os objetivos do projeto de extensão, que pretende construir relações humanas mais saudáveis. “Temos que estar abertas para dialogar, conversar. Essa é uma iniciativa muito importante”, ressaltou a professora Charlise Colet Gimenez, coordenadora da graduação em Direito. O curso foi copromotor do evento e também auxiliou na organização.
No painel “Corpos femininos e violações nos espaços públicos”, a agrônoma Cecília Margarida Bernardi, feminista da Marcha Mundial de Mulheres, falou sobre o processo de naturalização da violência de gênero. “O feminismo é uma busca por igualdade. A cultura do ódio é uma reação às mulheres que afirmam serem possuidoras de seus corpos”, expôs Cecília. Para ela, é preciso lutar pela máxima de Paulo Freire, que diz que é preciso humanizar as pessoas. “Nós não podemos desacreditar a humanização”, salientou.
O painel também teve participação da professora Lizete Dieguez Piber, do curso de Psicologia, que explicou as diferentes formas de violência, bem como as pesquisas que mapeiam as mulheres vítimas de violência. “Não temos um perfil de agressor e não temos um perfil de vítima da violência. Na nossa cultura, o homem tem a autorização, ou pelo menos a tolerância social, para ‘colocar a mulher nos trilhos’”, observou a professora. De acordo com Lizete, o mundo é diverso, e é a convivência com o diverso que nos humaniza.
O segundo painel da manhã foi “Noções de percepção do perigo e medidas de segurança”, ministrado pelo mestrando em Direito pela URI Santo Ângelo, Paulo Adroir Magalhães Martins e pela policial militar e graduanda em Direito pela URI Carina Caetano de Oliveira Quines. Paulo expôs singularidades da legislação no que concerne à autodefesa e o uso de instrumentos não letais de resposta como bastões, cassetetes, spray de pimenta, soqueira e armas de eletrochoque. Carina passou orientações sobre a percepção do perigo no dia a dia, e falou sobre os diversos casos de violência contra a mulher enfrentados diariamente.
A parte final do encontro teve aula prática com simulação de situação de perigo e técnicas de defesa pessoal, ministrada pelos professores Lídia Magalhães, Marcelo Miorilli e Zequiela Russi. A partir do uso de técnicas oriundas do caratê, foram apresentadas orientações sobre como reagir a um ataque corporal utilizando o próprio corpo. Foram simuladas diversas situações de contato corporal não desejado, bem como as formas para esquivar-se das investidas. A orientação principal, porém, foi para buscar ajuda em situações que fogem do controle.
O projeto “O Lugar das Mulheres na Sociedade – Uma abordagem do corpo e da defesa pessoal” está sob a coordenação da professora Rosângela Angelin e conta com colaboração do curso de graduação em Direito da URI Santo Ângelo. O grupo terá encontros mensais, com previsão de novo evento a ser realizado em abril. O planejamento prevê realização de palestras dentro e fora da Universidade, Cine-debate e oficinas para a comunidade.
