Publicado em : 20/03/2013

Arranjo Produtivo Local da Agroindústria Familiar em desenvolvimento em todos os municípios da região das Missões

Publicado: 20/03/2013
Fonte: José Roberto de Oliveira

O mais antigo arranjo produtivo da região Missioneira, o da agroindústria familiar, está em plena produção nos 25 municípios. A partir de 1626, os Jesuítas levaram as comunidades guaranis a produzirem para o seu próprio sustento e exportarem as sobras da produção para os mercados de Buenos Aires e Europa. Montesquieu, um dos principais escritores do Iluminismo chamou a “experiência” de “primeiro estado industrial da América”.

Com a expulsão dos Jesuítas e posteriormente a entrada dos imigrantes europeus na região, começou um novo modelo de produção e distribuição, onde através dos carroceiros se levava a produção regional para a região da Campanha. Aquele momento econômico foi muito importante para o desenvolvimento das colônias e foi base para a formação do número de município que temos em 2013, totalizando 25.

Os ciclos econômicos da região foram mudando e atualmente cerca de 500 famílias têm experiências de agroindústria familiar. Alguns destes empreendimentos são maiores, mas a grande maioria é de pequeníssimo porte.

Calcula-se que atualmente a região tenha 200 mil pessoas que não sejam produtoras de alimentos, ou seja, compram totalmente o que consomem. Estas, em média, entre ricos e pobres, consomem entre seu café da manhã, lanches, almoço e janta, cerca de R$ 10 reais, ou seja, há um consumo diário de cerca de dois milhões de reais. Como o produzido na região é muito pequeno, a grande maioria do dinheiro regional se esvai para outras regiões, gerando emprego e renda naqueles locais onde se produz para o consumo local.

Com o intuito de fixar o homem na terra e o retorno dos missioneiros que foram para centros produtivos, inverter a posição da região compradora de alimentos agroindustrializados, está em desenvolvimento o projeto do Arranjo Produtivo Local da Agroindústria Familiar.

A URI Santo Ângelo como instrumento de desenvolvimento regional, juntamente com a UFFS, UERGS, EMATER, SDR, Sindicatos dos Trabalhadores Rurais e Prefeituras da AMM estão unidos através do projeto financiado pela AGDI (Agência Gaúcha de Desenvolvimento), onde o foco é a compreensão da relação mercado – produção,  aumento e qualificação da produção, com visão de autossustentabilidade. Está se constituindo um processo de confiança que leve ao aumento da produção e o aumento do consumo dos produtos missioneiros.

Em cada município vem ocorrendo um esforço dos órgãos de ponta, como a EMATER e Secretarias Municipais. É preciso que novos empreendedores da agricultura familiar observem a capacidade de consumo regional, sem falar nas capacidades da região Noroeste do estado, pois o mesmo perfil de produção-consumo se faz como nas Missões, ou seja, podemos perfeitamente vender para as regiões próximas.

Já foram realizados seis Fóruns Municipais de debate sobre a temática. Até o final do ano, todos os municípios já terão discutido os caminhos para o pleno desenvolvimento em cada localidade. Para isto, é importante que cada munícipe pense a respeito deste mercado potencial e também comece a comprar produtos produzidos localmente – no sentido de reverter à realidade da região compradora de alimentos. Caso quisermos desenvolver economicamente e socialmente, é preciso autossustentabilidade e rapidamente passar a ser uma região exportadora de alimentos, afinal de contas, nos consideramos uma região agrícola e, agregar valor será o centro do processo de desenvolvimento.

Interessando-se em ser um agroindustrializador, procure a EMATER de sua cidade ou a Secretaria da Agricultura. A região precisa do empreendedorismo missioneiro para o desenvolvimento econômico e social das famílias. Converse com seus familiares e vizinhos a respeito deste tema, há sempre uma oportunidade a partir do conhecimento das técnicas produtivas em cada família.

José Roberto de Oliveira
Mestre em Desenvolvimento
Assessor Executivo do APL Agroindústria Familiar

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