Seminário Internacional na URI buscou experiências para implantar o Parque Histórico Nacional das Missões, que já existe na estrutura do IPHAN

13 de dezembro de 2016

seminarioiphan_publico Marcelo Brito - diretor IPHAN guaranis no Seminário IPHAN serviço de tradução simultânea

O IPHAN- Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – e a URI Santo Ângelo, por meio do Curso de Arquitetura e Urbanismo, encerraram na sexta-feira, 9, o Seminário Internacional “Boas Práticas em Gestão de Paisagens e Parques Históricos e Culturais”, realizado no câmpus de Santo Ângelo, de 5 a 9 de dezembro.

O objetivo do evento foi conhecer a gestão e o funcionamento de parques históricos localizados em diferentes países. O Seminário contou com palestrantes que trouxeram suas experiências e representaram a Unesco, Estados Unidos, Reino Unido, Espanha, Portugal, Colômbia, México, Peru, além de diferentes Parques Nacionais do Brasil e do próprio IPHAN.

De acordo com o diretor do Departamento de Articulação e Fomento do IPHAN, Marcelo Brito, “o conhecimento dessas experiências é de grande importância com vistas à implantação do Parque Histórico Nacional das Missões, que já existe na estrutura do IPHAN. O que nos falta é estabelecer suas delimitações e seu funcionamento. O que deverá acontecer em 2017”.

Brito afirmou que para implantar o Parque Histórico Nacional das Missões já existe inclusive a garantia de recursos na ordem de R$ 1 milhão e 500 mil, destinados aos estudos e demais atividades necessárias à sua implantação. “O Seminário, com a valiosa experiência dos palestrantes, nos deu luzes para definir a área, os parceiros, o funcionamento e outros detalhes do Parque”.

O diretor do IPHAN observou ainda o alto nível dos conferencistas, gestores de parques nacionais em diferentes países, destacando que foi possível perceber no olhar dos participantes que lotaram o auditório 5, a satisfação pelas experiências compartilhadas, assim como a excelência dos questionamentos por parte do público. Os participantes contaram com serviço de tradução simultânea em Inglês e Espanhol.

Guarani Werá Tupã palestrou no Seminário

Leonardo Werá Tupã, descendente guarani da Aldeia Maciambu, em Palhoça, SC, foi um dos palestrantes no Seminário, abordando o tema “Ocupação guarani- situação dos territórios guaranis que existem no Sul e Sudeste do Brasil”.

Com ensino Médio e Magistério concluídos, Leonardo cursa graduação em Licenciatura Indígena na Universidade Federal de Santa Catarina e presta assessoria na Comissão Nacional Guarani (SP), além de atuar na Funai como intermediário das questões guaranis.

Para ele, o maior desafio a enfrentar hoje refere-se à ocupação dos territórios guaranis. “O progresso fez o guarani perder espaços em seu próprio território e, por isso, estão cada vez mais confinados. A confinação gera danos para a estrutura agrícola, econômica, e para as questões social e política tradicionais. Outro problema que enfrentamos é o deslocamento entre os territórios localizados na Argentina e na Bolívia. Queremos trocar experiências, fazer visitas, mas o índio não tem conhecimento da burocracia e se sente condenado pela perda de liberdade”.

Questionado a respeito de manter a convivência com duas civilizações tão diferentes, Leonardo disse que, acima de tudo, “há muito sofrimento, pois conhecemos as realidades desses dois mundos. Isso pesa bastante, pois existe muito conflito de ideologias. Por outro lado, é importante para dar apoio ao grupo e minha função facilita manter a convivência entre os dois mundos.”.

Na foto, Leonardo (D) está acompanhado do cacique da Aldeia Guarani de São Miguel das Missões, Aniceto Gonçalves (camisa listrada) e do vice-cacique Pascoal Gonçalves.