Doutorado em Direito realiza aula a campo

27 de novembro de 2018

A disciplina “Temas em Normatização dos Movimentos Sociais”, vinculada ao Doutorado em Direito da URI e ministrada pela professora doutora Rosângela Angelin, tem por objetivo propiciar discussões teóricas sobre a relação entre Direito e movimentos sociais, a fim de fundamentar uma das linhas de pesquisa  deste PPGD, “Direito e Multiculturalismo”, abordando questões ligadas à prática dos movimentos sociais, seus atores/atrizes e campos de conflito, refletindo-os dentro do cenário mundial e da democracia brasileira.

Para uma melhor percepção e análise das teorias estudadas, as doutorandas Liane Marli Schafer Lucca, Candice Nunes Bertaso e Bianca Strucker, o doutorando Rafael Vieira de Mello Lopes, a professora Rosângela e duas mestrandas desse PPPGD -Neusa Schnorrenberger e Salete da Silva Hoch, deslocaram-se até Santo Cristo, dia 21 de novembro, a fim de conhecerem e dialogarem sobre as experiências do Movimento das Mulheres Trabalhadoras Rurais (MMTR), o qual está vinculado ao Sindicato dos Trabalhadores Rurais e trabalha ativamente com outras instituições locais e regionais.

      

O grupo da URI foi recepcionado pela coordenadora do MMTR e vice-presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Santo Cristo, Genoveva Meinerz Hass, que realizou, pela manhã, um relato sobre o movimento das agriculturas, apresentando as dificuldades enfrentadas, a relação desse movimento com o Estado, bem como as demandas e as conquistas jurídicas alcançadas ao longo dos tempos, destacando-se políticas públicas e leis para a agricultura familiar. Estiveram presentes entidades que trabalham diretamente com o MMTR: A ONG Associação Regional de Educação, Desenvolvimento e Pesquisa (AREDE), EMATER/ASCAR, Sindicato dos Trabalhadores Rurais, Farmácia Saúde Alternativa e CRESOL (Cooperativa de Crédito). Todas as entidades expuseram o importante trabalho conjunto que vem sendo realizado no que se refere à efetivação de políticas públicas, ao trabalho voltado para a agroecologia e a luta por direitos de cidadania das agricultoras e suas famílias. O grupo também visitou, in loco, a Farmácia Saúde Alternativa, que foi iniciada pelo MMTR.

No turno da tarde ocorreram visitas a três propriedades rurais, onde mulheres que participam desse movimento trabalham e administram atividades de geração de renda, como produção de alimentos agroecológicos in natura, produção de leite e uma agroindústria de cana de açúcar e rapaduras.

A avaliação das doutorandas e do doutorando denotam a importância do conhecimento da realidade para o mundo do Direito. A atividade teve uma conotação significativa, pois propiciou a cada estudante tirar suas próprias conclusões acerca desse movimento social, a partir da visita e das teorias estudadas em sala de aula, como pode ser constatado, a seguir:

Para a doutoranda Bianca Strucker, “Ir a campo foi uma experiência extraordinária. Poder ver como os movimentos sociais marcam a vida destas famílias nos dá, enquanto acadêmicos, uma responsabilidade ainda maior, tanto nos processos de escrita, como também na luta diária para que tantos direitos conquistados não venham a ser criminalizados. Também, conhecer a luta dessas mulheres contribuíram para motivar minha pesquisa de Doutorado que aborda direitos das mulheres”.

A doutoranda Candice Nunes Bertaso afirma que “O Movimento das Mulheres em Santo Cristo/RS, através do cultivo orgânico possibilita um olhar transformacional na forma como produzimos e consumimos alimentos. Elas demonstram que a agroecologia é um sonho possível para a humanidade. Constatei que minhas pesquisas no doutorado sob o viés feminino, vão ao encontro de um valor fundamental que permeia o trabalho e a vivência cotidiana destas mulheres, que é a ‘lógica do cuidado’! O desenvolvimento da agricultura ecológica e sustentável é a chave para a preservação do planeta e de uma alimentação saudável para todos!”

O doutorando Rafael V. M. Lopes destaca: “Participar de uma atividade de campo no Doutorado foi uma experiência que eu não tinha vivenciado. O mais importante foi conciliar a teoria à prática e presenciar in loco a força e a organização dos movimentos sociais.

Por fim, a doutoranda Liane Marli Schafer Lucca destaca: “Quando estudamos as teorias e doutrinas na sala de aula não fazemos ideia da profundidade das implicações pessoais e comunitárias que as envolvem. Ao realizarmos a atividade de visitação ao Movimento de Mulheres de Santo Cristo fui surpreendida pelo sentimento de respeito e admiração por aquelas mulheres que mesmo sem fundamentação científica buscam alternativas, informações e, principalmente, agir para que as mudanças individuais e coletivas efetivamente ocorram.”